PY - 03 - Uma Revolução da Graça from Isaque Resende de Freitas on Vimeo.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Até logo, tia Tusinha !
Hoje recebi a notícia do falecimento
da minha tia Ivanilda (seu nome de batismo), mas acho que ela pensava em si
mesma com o nome pelo qual toda a família a chamava: Tusinha! Não sei dizer a
origem deste apelido, mas sei que até onde a minha memória alcança só me lembro
de conhecê-la como “tia Tusinha”. Minha
tia teve uma vida sofrida, mãe de cinco filhos (três destes envolvidos em um
acidente gravíssimo com a explosão de uma garrafa álcool, o que lhes marcou
bastante), divorciada, evangélica (irmã do “círculo de oração”, com direito a
coque e tudo mais). Além de criar da melhor forma possível seus filhos,
enfrentar algumas enfermidades terríveis (entre elas uma rara e incurável
chamada síndrome de Crohn, que ataca todo o trato digestivo), ela foi uma
pessoa sem nada que chamasse atenção para si. Dona de um sorriso discreto,
fazia uma torta de limão como ninguém, além de uns bombons de morango que só de
lembrar me faz salivar a boca. Eu adorava quando ia passar alguns dias na sua casa, onde passava o dia brincando com os meus primos.
Ela foi uma pessoa comum, com
experiências comuns, que fez da criação dos seus filhos, e posteriormente das
atividades na igreja sua motivação de viver. Estava sempre em oração pela
salvação dos seus filhos e demais familiares.
O que eu posso falar dela? Que era uma pessoa amável e amada, que em
meio a inúmeros motivos para desistir, ela sempre foi grata a Deus pelo dom da
vida. Quais os motivos para que alguém seja amado? Não sei, só sabemos que
amamos uns e outros não, e eu amei a minha tia Tusinha. Posso afirmar que ela
era singular (assim como somos todos nós!), no seu jeito, na sua voz, enfim, na
sua personalidade. Era uma pessoa comum, e assim como são as pessoas comuns,
incomparavelmente única.
Ao lembrar de como foi a sua vida, penso que para sermos amados não precisamos ser “super”
em nada, não precisamos ser os melhores em nada, não precisamos competir com
ninguém, não precisamos criar auto-enganos, tudo o que precisamos é
simplesmente ser. Eu tenho motivos para amar a minha meiga tia Tusinha, mas
Deus não precisa de motivos para nos amar, pois ele conhece cada particularidade das suas criaturas, conhece a nossa estrutura, e ainda assim (ou talvez por
isso) nos ama.
Quero elogiar a autenticidade de quem
não tem a necessidade de aparentar mais do que realmente é, e que por isso,
deixa-se moldar segundo o propósito daquele que nos criou como somos, isso é
ser cristão, isso é ser puro, isso é ser simples.
Para mim, assim como para a minha
família que agora carrega a dor pela ausência, fica o privilégio de ter
convivido com alguém tão doce quanto a tia Tusinha. Não sei poetizar a dor. Dor
é dor. Mas confesso que aqueles que carregam no coração a certeza “que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”, sentem
a dor de forma diferente, pois encaram a morte não como um ponto final de uma
existência, mas sim como o despertar para a eternidade, onde as dores e as
lágrimas desta vida ficam para trás, e então embarcamos nesta última viagem
rumo ao nosso lar verdadeiro, onde somos amados incondicionalmente, e como filhos que retornam ao lar, seremos recebidos com o abraço do nosso Deus e Pai.
Por
isso tia, adeus não cabe entre nós, apenas um “até logo”, e se puder quando
chegar a minha hora, gostaria de te pedir que me esperasse com uma torta de
limão daquelas.
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