domingo, 2 de outubro de 2016

Por que não voto em pastores evangélicos?


Quem me conhece um pouco sabe que tenho posturas radicais em relação a alguns assuntos, e política definitivamente é um deles. Em períodos eleitorais, é impossível fugir destas questões, até porque somos bombardeados com propagandas, promessas, pedidos de votos, em todas as mídias sociais, TV, e nas rodas de conversas do cotidiano.

Política e religião não deveriam nunca se misturar, por dois motivos óbvios, primeiro porque o Estado é laico, e em segundo lugar, basta olharmos um pouco para a história da humanidade que saberemos que todas as vezes que isso ocorreu o resultado foi desastroso. Penso que qualquer pessoa tem o direito de se candidatar ao que quiser, desde que fale em seu próprio nome e de acordo com os seus ideais, e não como representante de um segmento religioso, ou até mesmo (pasmem) arrogue falar em nome de Deus. O comprometimento ético com o bem comum nada tem a ver com questões de fé. Lutar por educação, família, saneamento básico, segurança nada tem a ver com a fé que professamos, e sim com os valores que carregamos em nossas consciências, pois quem legisla, deve fazê-lo para o bem de todos, e não de um nicho.

Agora falando em especial do comportamento de alguns líderes evangélicos (e falo alguns porque toda generalização é burra!), espanta-me ver o desejo de poder e representatividade de algumas igrejas e denominações, que tentam colocar seus representantes para que tenham “voz” na sociedade. Toda igreja que se diz cristã deveria ter como seu exemplo maior o Cristo para nortear seus posicionamentos. Jesus nunca pleiteou poder político, inclusive sua resposta quando interrogado por Pilatos foi: “Meu Reino não é deste mundo.” (Jo 8.36). Você realmente acha que não haviam desigualdades sociais nos dias de Jesus, que não haviam opressões as minorias? Não havia fome, miséria e todo tipo de injustiça? Claro que sim! Mas a missão dele (e dos seus discípulos) era a mudança do meio social a partir da transformação do indivíduo, da consciência, e assim construir uma espiritualidade capaz de influenciar pessoas. “Cada um deve ficar na vocação com que foi chamado” (I Co 7.20). Se sua vocação é a política, exerça isso da melhor forma que você puder, de acordo com sua consciência e com integridade, mas se sua vocação é apascentar almas e conduzir pessoas ao conhecimento do Evangelho e a uma experiência real com Cristo, arrependa-se, lembre-se de onde você caiu, e volte ao primeiro amor (Ap 2.4,5).

Quer ser relevante? Quer fazer o bem ao seu bairro, cidade ou estado? Cuide dos pobres, aflitos, rejeitados, abra seu coração para fazer o bem sem esperar retorno, pregue a verdade, apascente, cuide dos órfãos e das viúvas, ame ao seu Deus amando ao seu próximo, seja ele quem for (inclusive seus inimigos), pois foi assim que uns poucos pescadores, pecadores, simples e desconhecidos, no poder do Espírito Santo, mudaram o mundo ao seu redor, cujos atos e palavras ecoaram através do tempo, e nos alcançaram.

E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.

(Mc 12.17)