Quem me
conhece um pouco sabe que tenho posturas radicais em relação a alguns assuntos,
e política definitivamente é um deles. Em períodos eleitorais, é impossível
fugir destas questões, até porque somos bombardeados com propagandas,
promessas, pedidos de votos, em todas as mídias sociais, TV, e nas rodas de
conversas do cotidiano.
Política e
religião não deveriam nunca se misturar, por dois motivos óbvios, primeiro porque
o Estado é laico, e em segundo lugar, basta olharmos um pouco para a história
da humanidade que saberemos que todas as vezes que isso ocorreu o resultado foi
desastroso. Penso que qualquer pessoa tem o direito de se candidatar ao que
quiser, desde que fale em seu próprio nome e de acordo com os seus ideais, e
não como representante de um segmento religioso, ou até mesmo (pasmem) arrogue falar
em nome de Deus. O comprometimento ético com o bem comum nada tem a ver com
questões de fé. Lutar por educação, família, saneamento básico, segurança nada
tem a ver com a fé que professamos, e sim com os valores que carregamos em
nossas consciências, pois quem legisla, deve fazê-lo para o bem de todos, e não
de um nicho.
Agora falando
em especial do comportamento de alguns líderes evangélicos (e falo alguns
porque toda generalização é burra!), espanta-me ver o desejo de poder e
representatividade de algumas igrejas e denominações, que tentam colocar seus
representantes para que tenham “voz” na sociedade. Toda igreja que se diz
cristã deveria ter como seu exemplo maior o Cristo para nortear seus
posicionamentos. Jesus nunca pleiteou poder político, inclusive sua resposta
quando interrogado por Pilatos foi: “Meu Reino não é deste mundo.” (Jo 8.36).
Você realmente acha que não haviam desigualdades sociais nos dias de Jesus, que
não haviam opressões as minorias? Não havia fome, miséria e todo tipo de
injustiça? Claro que sim! Mas a missão dele (e dos seus discípulos) era a
mudança do meio social a partir da transformação do indivíduo, da consciência,
e assim construir uma espiritualidade capaz de influenciar pessoas. “Cada um
deve ficar na vocação com que foi chamado” (I Co 7.20). Se sua vocação é a
política, exerça isso da melhor forma que você puder, de acordo com sua
consciência e com integridade, mas se sua vocação é apascentar almas e conduzir
pessoas ao conhecimento do Evangelho e a uma experiência real com Cristo,
arrependa-se, lembre-se de onde você caiu, e volte ao primeiro amor (Ap 2.4,5).
Quer ser
relevante? Quer fazer o bem ao seu bairro, cidade ou estado? Cuide dos pobres,
aflitos, rejeitados, abra seu coração para fazer o bem sem esperar retorno,
pregue a verdade, apascente, cuide dos órfãos e das viúvas, ame ao seu Deus
amando ao seu próximo, seja ele quem for (inclusive seus inimigos), pois foi
assim que uns poucos pescadores, pecadores, simples e desconhecidos, no poder
do Espírito Santo, mudaram o mundo ao seu redor, cujos atos e palavras ecoaram
através do tempo, e nos alcançaram.
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele.”
(Mc 12.17)